Instantes de turbulência à parte – como as incertezas provocadas pelo coronavírus –, vivemos grande otimismo no mercado financeiro brasileiro. Os juros em níveis baixíssimos (para os padrões nacionais, claro) impulsionam uma diversificação nos investimentos. Mas a euforia começa a preocupar: há o risco de uma bolha no mercado financeiro?
Em artigo no Valor Investe, Hudson Bessa, sócio da HB Escola de Negócios, escreveu sobre o que fazer para não explodir em uma eventual bolha no mercado financeiro. “Em um momento de grande otimismo, é preciso fincar os pés no chão e refletir mais ainda para tomar decisões de investimento.”
Pesquisas em finanças comportamentais, especialidade de Bessa, mostram como o cenário de otimismo exacerba o excesso de confiança. E, investidores cheios de confiança, tendem a prever os retornos futuros dos ativos com maior assertividade que os demais. Por isso, acabam mexendo na composição de sua carteira com maior frequência. Porém, a troca constante dos ativos, baseada nessa certeza surgida da autoconfiança, pode trazer prejuízos.
O excesso de confiança, turnover e baixo retorno
Hudson Bessa lembra um estudo seminal de Brad M. Barber e Terrance Odean, no qual foi analisado o comportamento de compra e venda (trading) de cerca de 38 mil investidores pessoas físicas. A pesquisa verificou o efeito do giro da carteira (turnover) sobre a rentabilidade. “A conclusão do estudo foi de que o grupo de maior turnover, apesar de seus esforços, não agregou retorno suficiente à carteira para pagar as comissões devidas pelas compras e vendas dos ativos.”
Por isso, mais uma vez, é preciso lembrar que é preciso refletir antes de tomar decisões de investimento. Para isso, alguns passos são importantes, a começar por um processo de suitability bem feito. Não só por parte do investidor, mas também por quem aplica os questionários.
Outro ponto é estar atento para fugir das barbadas. Evite o efeito manada. E, sobretudo, desconfie de quem diz que vai ensiná-lo a ficar rico no mercado financeiro.