O CDI como referência para tudo que é investimento faz sentido?

O CDI (certificado de depósito interfinanceiro) – ou mais especificamente a taxa CDI ou taxa DI – reina no mercado brasileiro há muitos e muitos anos. Se olharmos para qualquer demonstrativo de investimento ou material de divulgação, veremos as rentabilidades em percentual do CDI.

Mas poucos investidores param para analisar como essa taxa é formada. E, o mais importante, entender se utilizá-la como referência em suas decisões faz sentido. A verdade é que faz cada vez menos sentido. O Índice DI é divulgado diariamente pela B3. Ele é baseado nas operações de emissão de Depósitos Interfinanceiros entre instituições de conglomerados diferentes, com prazo de um dia. Ou seja, note que a taxa DI se refere a operações de overnight.

“Tantos anos convivendo com taxas de juros tão altas nos levou a criar uma âncora. Isto é, um valor de referência que abrevia o processo decisório. Afinal, para alguém que precisa decidir entre tantas opções, é mais fácil escolher a que apresenta a maior rentabilidade sobre o CDI”, escreve Hudson Bessa, fundador da HB Escola de Negócios, no artigo semanal no Valor Investe.

>> Leia o artigo Está na hora de substituir o CDI

Os juros em baixa e o CDI como referencial

Utilizar uma taxa baseada em operações de curtíssimo prazo para diferentes produtos funcionava bem. Funcionava! Até os juros cederem aos patamares atuais de 6% ao ano, com indicações de baixa. Porém, agora, mesmo taxas de 130% ou mais do CDI soam baixas para investidores acostumados a taxas absolutas em torno dos 14% ao ano.

Para Hudson Bessa, a continuidade das taxas de juros em patamares ao redor dos 5% deve banir mais este vício do mercado financeiro. “Comparar investimentos de longo prazo com taxas de curtíssimo prazo é um equívoco. Os riscos intrínsecos são diferentes e, muitas vezes, incompatíveis”, afirma.

Chegou a hora de substituir o CDI como referência praticamente universal de rentabilidade. Cabe aos profissionais do mercado financeiro a tarefa de atender – auxiliar e esclarecer, não somente vender – investidores que estavam acostumados à tríade perfeita (juros altos, risco baixo e alta liquidez).

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