Coluna do valor investe
No artigo desta semana escrevo sobre o ocaso da FTX. Analisar cryptos é mais difícil do que parece.
Segue um fragmento.
“Nunca tentei cometer fraude”.
A frase acima foi dita por Sam Bankman-Fried, SBF, em uma entrevista concedida após o colapso da Exchange FTX, uma espécie bolsa de valores do mundo dos criptoativos. SBF é o ex bilionário dono da extinta FTX.
O mundo dos criptoativos tem muitas características específicas, mas quando falamos de sistema financeiro, investimentos, empréstimos e intermediação, existem coisas que são universais, uma delas é o risco de contágio.
Quando meus alunos de mercado financeiro me perguntam sobre criptomoedas costumo dizer que não sei muito sobre o tema, mas que duas coisas são certas. A primeira é que não se tratam de moedas, sua volatilidade as tornam imprestáveis como reserva de valor e unidade de conta, duas funções clássicas da moeda. Em segundo lugar, ainda sobre volatilidade, os criptoativos tem um comportamento de preços que se assemelha ao dos ativos de risco, até mais estressados, portanto, estão mais para investimentos de alto risco. Nesta perspectiva, deveriam compor a parcela de risco do portfólio do investidor.
O caso da FTX, contudo, deixa claro que analisar os riscos do investimento em criptos é mais complicado do que simplesmente avaliar as condições de mercado que possam afetar os preços.
A partir da cobertura da imprensa foi fácil identificar que não havia barreiras entre as empresas do grupo, existiam solares conflitos de interesses não gerenciados, falta de gestão de risco de contraparte, ausência de competência comprovada para gerir um negócio que pode ter dizimado poupanças inteiras, etc. A pergunta que surge é: como alguém que não conhece o básico sobre governança pôde estar à frente de um negócio que envolvia bilhões de dólares em recursos de terceiros?
Não invista no que não conhece. Perder oportunidades de lucros elevados é ruim, mas perder suas economias é fatal.