Coluna do Valor Investe
Neste ambiente tão volátil qualquer gota d´água pode virar uma onda.
Esta é a tônica do artigo publicado hoje no Valor Investe.
Procurar explicações lógicas para movimentos de curto prazo nos preços dos ativos pode ser um exercício de autoengano.
Segue fragmento do artigo.
A verdade é que desde o dia 30 de julho, quando o Ministro Paulo Guedes veio com a história do tal meteoro dos precatórios, uma despesa de mais de R$ 40 bilhões supostamente surpreendente, a economia entrou no modo volatilidade.
Desde então, a tal PEC vem consolidando uma série de artimanhas que minaram a credibilidade do Governo e elevaram em muito as incertezas sobre a condução da política econômica.
A PEC começou como um instrumento para dar roupagem institucional para um calote, incorporou um novo auxílio social de viés eleitoreiro e, por fim, abriu espaço para uma farta distribuição de recursos a políticos aliados em ano de eleição.
Estes truques de mágico de circo mambembe se juntaram a uma difícil conjuntura econômica, puxada por desemprego e inflação persistente, e azedaram de vez o ambiente econômico.
Para exemplificar o estado de desconfiança em relação a capacidade de controlar inflação e pôr a economia nos trilhos, o custo médio de emissões da dívida pública saltou de 4,67% em janeiro para 6,91% em setembro último, um aumento de 2,24 pontos ou quase 50% em apenas sete meses.
Nestas circunstâncias, buscar explicações para estes movimentos mais acentuados de curto prazo é um mero exercício de autoengano, uma tentativa de encontrar alguma explicação que reduza nossa angústia por não entender o que está acontecendo.
Em um ambiente econômico e institucional tão frágil, a incerteza dá o tom e muitas pessoas se movem, e rápido, por conta de qualquer notícia.