Para que serve um preço na curva?

Coluna do Valor Investe

Nesta semana escrevo no Valor Investe sobre as vantagens de marcar os títulos dos clientes à mercado. A nova regra da @anbima é uma evolução. Antes tarde do que nunca.
Segue um resumo.

A nova regra da ANBIMA obriga corretoras e distribuidoras, ou as plataformas de investimento, de modo mais abrangente, aderentes ao Código de Distribuição, a apurar valores de referência para debêntures, CRA, CRI e títulos públicos exceto aqueles negociados no Tesouro Direto. Resumindo, a partir de 02 de janeiro do próximo ano estes títulos deverão ser marcados à mercado.

Os riscos de um título podem ser apurados pela variabilidade de seus preços. Durante o prazo em que o investidor está de posse do ativo, seus preços oscilam em função de diferentes fatores que afetam a percepção de valor dele. Não ter esta informação é não conhecer o risco.

O fato de os distribuidores ainda hoje divulgarem para seus clientes os preços marcados na curva, ou seja, valores calculados como se as taxas de juros contratadas no momento da operação tem pouco valor para o cliente e pode induzi-lo a tomar decisões equivocadas. Aliás, na verdade, cria uma desinformação.

Informar preços calculados pela curva, implica que os clientes estão vendo saldos irreais em seus extratos. Quem comprou um título há 12 meses atrás está vendo em seu extrato um saldo maior do que de fato terá na conta se resolver vender o título. Nesta situação, talvez falte dinheiro para honrar algum compromisso.

Fundos de investimento marcam suas cotas a mercado, portanto, um investidor que está precisando de dinheiro, ao comparar uma cota que está andando meio de lado, até negativa, com um título que cresce como um reloginho, pode decidir equivocadamente se livrar do fundo.

Já ouvi de alguns profissionais de distribuição a história de que os investidores costumam ficar com os títulos até o final e, assim, seria melhor apresentar os valores pela curva para não criar uma tensão desnecessária para o cliente.

Não acho que faça sentido. A melhor informação é aquela que é fidedigna, útil e tempestiva. Um saldo que não será convertido naquele mesmo valor que vejo no extrato, não é fidedigno nem útil.

A regulação costuma criar oportunidades de negócio. Neste caso, a maior transparência em relação ao real saldo disponível para o cliente abre espaço para uma boa conversa, melhora o processo decisório do investidor e aproxima distribuidores de clientes.

Para quem enxerga o relacionamento como a maior fonte de geração de valor, a oportunidade está batendo à porta.

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