O que a Americanas tem a nos ensinar sobre viés de confirmação

Na coluna do valor investe de hoje escrevo sobre viés de confirmação.

 

Segue um fragmento.

 

Na semana passada estava lendo um artigo relativamente recente dos professores Cai, Yao e Zhang, novembro de 2022, sobre viés de confirmação, que me fez refletir sobre a forma como venho acompanhando as notícias sobre Americanas. Desconfio que ao longo destes últimos meses dei um peso demasiado às notícias positivas em relação às demais.

 

Considerando, a intensidade do tombo e o fato de que, pelo tamanho da empresa, algum acordo entre as partes será inevitável, mesmo que demorado, resolvi manter a posição no fundo à espera de alguma recuperação.

 

Desde então, acompanho as notícias sobre Americanas sempre dividido entre a apreensão de que novos rombos surjam e a esperança de que credores e empresa fechem um acordo para capitalizá-la.

 

Na semana passada, contudo, tive essa sensação de que tenho dado peso maior a esperança do que a apreensão. O viés de confirmação tem me acompanhado.

 

Viés de confirmação se refere a um comportamento automático, inconsciente ou quase, que nos faz privilegiar fatos e informações que suportam nossas crenças existentes ao mesmo tempo em que se reduz a importância daquelas que se contrapõem as supostas verdades já cristalizadas em nossa mente. O viés de confirmação anda de mãos dadas com outro conhecido por conservadorismo, um processo mental no qual nos agarramos as previsões anteriores de tal forma que rejeitamos novas informações que as contradigam.

 

A partir da base de dados de empresas cobertas pelo Center of Research in Securities Prices (CRSP), os professores Cai, Yao e Zhang analisaram os relatórios com as previsões dos analistas durante o período de 2000 a 2018 e descobriram que estes tendem a conferir menor peso as informações públicas divulgadas pelas companhias quando estas são menos consistentes com suas previsões anteriormente publicadas. Ou seja, analistas profissionais também não estão imunes ao viés de confirmação e acabam conferindo mais peso as novas informações apenas quando elas são coerentes com as opiniões já compartilhadas.

 

O viés de confirmação muitas vezes leva os investidores a persistir em decisões ruins que podem comprometer o desempenho do portfólio. Não acho que seja o caso de Americanas, dado sua relevância e o tamanho da desvalorização, mas a verdade, essa só saberei no futuro.

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