O desconto hiperbólico nos faz consumir mais do que deveríamos

Coluna do Valor Investe

 

No artigo de hoje no Valor Investe escrevo sobre o que está por trás deste comportamento que nos faz contratar mais dívidas do que deveríamos e poupar menos para o futuro do que o necessário. Os protagonistas da história são o viés presente e o desconto hiperbólico.

Segue um fragmento.

É natural que se exija um valor superior no futuro do que no presente, a incerteza e o tempo devem ser recompensados, pelo menos, por uma taxa básica de juros. Contudo, o que Thaler e outros teóricos da economia comportamental descobriram é que existe um viés presente em nossas decisões, que faz com que os valores exigidos no futuro sejam consideravelmente superiores aqueles que seriam razoáveis, se fossem aplicadas taxas de juros de mercado. Essa taxa de desconto enorme foi então batizada de desconto intertemporal hiperbólico.

O desconto hiperbólico ajuda a entender tanto o endividamento exagerado como a dificuldade em poupar para o longo prazo.

Em muitas situações seria possível se fazer um planejamento de poupança mensal para comprar um bem alguns meses à frente. Porém, a percepção de desconforto gerada pela postergação da compra é tão grande que, desde que caiba no bolso, as prestações passam a ser vistas como inevitáveis e as taxas de juros são ignoradas.

No caso da previdência, é uma troca de hoje por um futuro muito, muito longínquo para os jovens. Para um benefício a ser usufruído num prazo tão distante, sempre será possível iniciar a poupança no dia seguinte. A vantagem desta troca intertemporal é por demais opaca para quem tem a vida toda pela frente.

Segundo a última pesquisa Raio X do Investidor realizada pela ANBIMA, 54% dos entrevistados declararam não ter investido nada em 2022. Já na classe mais abastada, a classe A, o percentual cai para 36%. Embora seja um indicador melhor, não é desprezível constatar que quase 4 em cada 10 dos brasileiros mais ricos não conseguiram poupar absolutamente nada. Note-se que este grupo, apesar de menos numeroso, é o que tem maior capacidade de poupança, é o que mais contribui para o aumento da riqueza.

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