Investimento de risco sofre com ambiente externo e pauta econômica anacrônica

Coluna Valor Investe

 

NO artigo desta semana do Valor Investe escrevo sobre a economia dos primeiros quatro meses do Governo.

Segue um fragmento.

O ano de 2023, para os investidores brasileiros, começou com três grandes incógnitas.

Do exterior vinham as preocupações com os desdobramentos da guerra da Ucrânia e a extensão do ciclo de aperto das taxas de juros americanas.

A terceira fonte de dúvida (e porque não dizer medo) estava centrada no ambiente doméstico, na dúvida que pairava sobre a condução da economia brasileira sob o terceiro governo do Presidente Lula.

Parte dos agentes de mercado apostava que este seria uma reedição de sua primeira passagem pelo Palácio do Planalto, período em que a política fiscal foi conduzida com responsabilidade e a monetária gozou de independência.

Já outros tantos participantes apostavam em uma reedição da política econômica levada a cabo pela ex-Presidente Dilma, que se notabilizou por déficits fiscais, contabilidade criativa, maior intervenção na economia e um Banco Central mais subserviente.

A promessa de um governo de frente ampla, mais moderado e próximo ao centro político, animou boa parte dos investidores do primeiro grupo a montar cenários mais otimistas em que apostas na recuperação e apreciação dos preços dos ativos de risco seria uma realidade em poucos meses.

Já os cenários traçados pelo segundo grupo, os pessimistas, com certeza, não avalizavam apostas em ativos de risco. A alternativa, portanto, era montar carteiras defensivas em ativos de renda fixa mais curta e, para os mais arrojados, até apostar contra o mercado.

Passados quatro meses de Governo, os pessimistas estão ganhando a contenda. Investir é montar cenários e apostar, não tem jeito.

Até agora, neste primeiro quadrimestre, quando olhamos o placar dos ativos financeiros, o Ibovespa cai 4,83% e o índice de hedge funds da ANBIMA (IHFA) cresce apenas 1,63%, contra 4,20% acumulado pela Selic, nossa taxa de juros de curto prazo sem risco de crédito.

O jogo está no início e por convencimento ou conveniência muito pode ser mudado em termos de propostas e atitudes, mas a persistir nesta estratégia de jogo será difícil alcançar a vitória.

A economia só vai voltar a crescer com investimento privado, e para isso é preciso que os investidores estejam dispostos a comprar risco. É preciso ouvir as arquibancadas e ajustar o estilo de jogo.

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