Heurística do afeto ajuda a entender por que profissionais do mercado não estão imunes às emoções

Coluna do Valor Investe

No artigo do Valor Investe desta semana escrevo sobre como as emoções podem interferir na capacidade de julgamento até de profissionais do mercado financeiro e heurística do afeto.

Segue um fragmento.

Recentemente a Genial Investimentos e a Quaest publicaram uma pesquisa cujo título diz tudo. “O que pensa o mercado financeiro”. Um estudo quantitativo realizado por meio de questionário estruturado em que 82 profissionais envolvidos na gestão de fundos de investimento puderam verbalizar suas impressões sobre, entre outros assuntos, a condução e o futuro da economia brasileira.

O resultado geral é bastante desfavorável ao atual governo.

Um recorte interessante é feito quando são comparados os resultados, deste grupo em relação ao público em geral, para a questão sobre o que esperar da economia brasileira nos próximos 12 meses. Apenas 6% do mercado estão otimistas e consideram que podemos melhorar, contra 62% para uma amostra média da população. Já os pessimistas, estes são 78% entre os profissionais contra 20% do público em geral. O tamanho da discrepância entre o sentimento do mercado e da população impressiona.

Tais resultados fizeram levantar a dúvida sobre o quanto as questões emocionais podem estar ditando o ritmo das análises e decisões dos gestores no seu dia a dia.

A heurística do afeto pode ser traduzida como um sentimento de favorabilidade ou desfavorabilidade em relação a alguém ou algo que tem influência sobre nosso julgamento.

A preocupação que surge ao analisar os resultados da pesquisa é que o sentimento negativo em relação ao atual Governo se transforme (ou tenha se transformado) em má vontade e interfira na capacidade de julgamento e decisão.

Profissionais envolvidos na gestão de recursos e aconselhamento financeiro devem buscar equilíbrio, ouvir opiniões e pontos de vista que desafiem os seus e fazer um sincero esforço para compreender estes argumentos. Permanecer em uma bolha e consumir apenas informações que validem suas crenças é um caminho certo para o precipício, é só questão de tempo.

São apenas dúvidas, mas vale o alerta.

Na gestão de recursos de terceiros o dinheiro é dos investidores, e eles merecem todo nosso esforço para domar os instintos e tomar as melhores decisões.

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