Coluna do Valor
No artigo desta semana do Valor Investe desta semana escrevo sobre o ilusório superávit primário de 2021. As aparências enganam.
Segue um fragmento
“Ao analisar números a conclusão da ampla maioria dos especialistas em contas públicas é de que o resultado é fruto do aumento da inflação e da elevada cotação do dólar. Ou seja, fatores que não tem a ver com a gestão da máquina pública e que, pelo menos no caso da inflação, não se pode considerar como benigno.
Contar com a inflação para atingir o equilíbrio nas contas é como considerar que o analgésico está fazendo a doença regredir. Você não sente, mas ela está crescendo e, se nada for feito, ela levará a morte.
A entrega do orçamento para a alçada da Casa Civil, comandada pelo Centrão, é como entregar o galinheiro para a raposa. Afinal, este é um agrupamento político que vive de distribuir nacos do orçamento em troca de votos. O orçamento secreto fala por si.
Deste mato ainda saíram o fundo eleitoral, fundo partidário, PEC dos precatórios e um orçamento com despesas francamente subdimensionadas e receitas flagrantemente superdimensionadas. Uma peça de ficção.
A bola da vez é a PEC dos combustíveis, que pretende zerar os impostos e poderá causar um impacto de R$ 54 bilhões, nas estimativas mais otimistas. Mais uma despesa ou renúncia de receita para um combalido orçamento público.
O superavit primário de 2021 não engana. Os sinais emitidos pelo Governo, agravados pelo debate eleitoral, pelo menos no curto prazo, criam expectativas sombrias para o país.”