
Coluna do Valor Investe
No artigo desta semana do Valor Investe tento descobrir qual o plano de negócios da empresa chamada Brasil.
Segue um fragmento.
Na semana um aluno da pós-graduação me fez a pergunta do milhão: por que o Brasil não cresce? Por que parece que vivemos em uma situação de crise eterna?
Meu aluno tem 27 anos, começou a trabalhar em 2015. Desde que iniciou a vida profissional vive em um país que oscila entre anos de crises e outros de crescimento econômico pífio.
Como estávamos em uma aula de finanças corporativas, foi inevitável tentar alguma analogia com o país.
No ano em que meu aluno entrou no mercado de trabalho o Brasil perdeu 3,5% de PIB, que recuou novamente em 2016. Desde 2015 o Brasil perdeu algo como 2,5% de seu PIB.
A boa literatura indica que as empresas crescem em função de alguns fatores, entre eles fontes de capital a bom custo, inovação, produtividade e volume de vendas.
Taxas de juros elevadas, spread bancário alto e mercado de capitais raso ainda são um empecilho para a redução do custo dos financiamentos.
Sobre produtividade, ranking elaborado pelo IMD World Competitiveness Center, com 64 países, aponta o Brasil na posição de número 57 no ao de 2021, uma abaixo do ano anterior.
No quesito inovação, o ranking da World Intellectual Property Organization (WIPO) indica o Brasil na 57ª posição entre 132 países. Dentre o grupo de países considerados como de renda média-alta o Brasil ocupa a 11ª posição. Nada bom para um país que se situa como a 13ª economia do Globo.
Ainda sobre inovação, enquanto o mundo discute energia renovável, o Brasil troca mais uma vez o presidente da Petrobrás em meio a uma polêmica sobre como reduzir o preço da gasolina e do diesel. Para completar, o Governo lançou um programa, com uso de recursos públicos, para reciclagem da frota de caminhões e ônibus que vão rodar com combustível fóssil. Em sua divulgação, pelos canais oficiais, não há uma linha sobre eficiência energética e meio ambiente.
Muitas vezes ouço analistas afirmarem que as ações das empresas brasileiras estão sendo negociadas com grandes descontos. Pode ser, mas a cada dia tenho mais medo de que investidores, principalmente os internacionais, não estejam enxergando fluxos de caixa robustos nos anos à frente.
Qual é o plano de negócios da empresa chamada Brasil?